Histórias de horror real que se passam em áreas periféricas do Rio de Janeiro!
O Rio de Janeiro pode ser inspirador de diferentes maneiras para as mais diversas pessoas. O pessoal da bossa nova cantou a beleza das praias e dos morros, fotógrafos e pintores exploraram todos os ângulos de vista da cidade, e seus pontos turísticos atraem viajantes de todo o mundo apenas para apreciar a exuberância carioca.
Fabiano Soares fecha os olhos para o que todos definem como belezas naturais do Rio e fica só com o caos: sexo, drogas e violência. É por meio do absurdo que o Rio de Janeiro o inspira, uma metrópole cotidianamente marcada por manchetes dignas dos piores jornais, daqueles que, se espremer, sai sangue.
As criações literárias de Fabiano são alucinantes, transitando com maestria pelo subgênero Horror Real das crônicas policiais, carregadas de observações cínicas e sarcásticas da vida ordinária dos cariocas.
Passando por todo o Rio de Janeiro, da Zona Sul ao Subúrbio, vemos um panorama de horror, mas sem vampiros, fantasmas ou seres sobrenaturais: apenas a violência crua que vem da ignorância, miséria, preconceito e ódio.
Em “O Reacionário do Vidigal”, acompanhamos um rapaz humilde que se identifica com ideias extremistas de “bandido bom é bandido morto” e não se atenta bem ao estereótipo ligado à imagem de bandido na sociedade. “O Justiceiro do Muquiço” nos mostra jovens motoboys feridos que aproveitam as férias forçadas para navegar em uma página de incitação de ódio contra minorias, criada pelos mesmos PMs que os alvejaram, em um ciclo de ódio paradoxal e ininterrupto, onde uma minoria atinge outra minoria e assim renova sempre esse ciclo. Em “O Reciclador de Braz de Pina”, Raul precisa sobreviver e dar comida à sua filha, mas para quem vive da venda de produtos recicláveis a luta é grande e solitária, e alguns tabus precisam ser encarados. “O Guerrilheiro Virtual do Valqueire” nos mostra uma família voltando para casa em tempos de intervenção militar e um confronto de segundos: um revoltado que achou que seria guerrilheiro mas nunca tocou em armas, e um militar que gostaria de nunca ter tocado em armas. Para fechar o livro, temos “O Taxista de Irajá”, história de um trisal na qual ciúmes e fake news dão um desfecho trágico a uma história que poderia ser de amor.
Com essas cinco gotas de desespero damos uma volta pela Cidade Maravilhosa, mostrando que nem só de belezas o Rio de Janeiro é feito. E embora as histórias se passem em terreno carioca, elas são universais.
O livro ainda conta com o Prefácio de Aislan Coulter ("Twittando com o Vampiro", "O Cordel de Sangue") e ilustrações de MoFo.
